Cartola apareceu em disco num LP de Elizeth Cardoso: “A Enluarada Elizeth”. Certa ocasião, Hermínio Bello de Carvalho resolveu reunir alguns nomes da música popular brasileira em um só disco que resultou, em 68, no LP “Fala Mangueira”, com Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Clementina de Jesus e Odete Amaral.

O primeiro LP individual surgiu em março de 74, já aos 65 anos de idade, reparando uma das grandes injustiças na MPB. Até então, Cartola vivia no seu “grande mundo” da Estação Primeira de Mangueira, onde os maiores intérpretes iam buscar repertório desde os idos de 30, pois reconheciam a importância do poeta em nossa música.

Ele fundou a Estação Primeira e deu as suas cores verde-e-rosa. Forma com Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça o grande trio de poetas da Escola. Desaparecendo do morro e do samba, Sérgio Porto foi redescobri-lo nos anos 50, trabalhando numa garagem de Ipanema: ele, que já tinha sambas gravados por Francisco Alves, Carmen Miranda, Elizeth Cardoso e outros.

Com a ajuda de amigos e da mulher Zica – a famosa Zica da ala das baianas e rainha dos quitutes – criou no início dos anos 60 o ZiCartola, restaurante e casa de samba frequentada por Sérgio Cabral, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nara Leão, Zé Kéti, Clementina de Jesus. Hoje, as apresentações de Cartola obtêm o maior êxito e não há cantor que não deseje gravar suas músicas.

João Nogueira é um homem de samba que marca de tal forma suas interpretações que outra pessoa não consegue contar com ele nem acompanhá-lo em suas divisões. O samba quebrado e malandro de João aproxima-se da Escola de Wilson Batista e Geraldo Pereira.

João, nascido e criado no Méier, valoriza as coisas simples e “curte” os botequins dos subúrbios, onde os sambistas que descem dos morros se encontram.  Iniciou-se cedo na música popular, pois seus primeiros contatos foram com o pai, grande violonista, íntimo de Pixinguinha. Essa é uma das maiores emoções de João Nogueira.

Ainda menino frequentava os ensaios da Portela, ouvindo Valter Rosa, Candeia, Casquinha e outros maiorais do samba, mal sabendo que ainda seria um deles. Com o samba “O Homem de um Braço Só”, em homenagem a Natal da Portela, foi convidado a integrar a ala dos compositores daquela Escola.

Ficha Técnica

Músicos: Grupo Badola: Milton (contrabaixo), Pesão (percussão), Mendes (percussão), Cláudio Jorge (violão), Manoel do Cavaco (cavaquinho), Ronaldo Medeiros (flauta e sax-alto) e Cus-Cus (ritmista).

Diretor: Arthur Laranjeiras
Assistente de Direção: Milton Pina

Administrador: Ary Henrique

Roteiro

• Nó na Madeira (João Nogueira e Eugênio Monteiro)
• Batendo a Porta (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
• Wilson, Geraldo, Noel (João Nogueira)
• Samba da Bandola (João Nogueira e Cláudio Jorge)
• Espelho (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
• O Homem de um Braço Só (João Nogueira) (áudio não localizado)
• Malandro JB (Renato Barbosa e Nei Lopes)
• Mineira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
• Apoteose ao Samba (Zinco e Darci Caxambu)
• Alvorada no Morro (Cartola, Carlos Cachaça, Hermínio Bello de Carvalho)
• Corra e Olhe o Céu (Cartola e Dalmo Castello)
• Disfarça e Chora (Cartola)
• Peito Vazio (Cartola e Elton Medeiros)
• Autonomia (Cartola)
• As Rosas Não Falam (Cartola)
• O Mundo é um Moinho (Cartola)
• Festa da Vinda (Cartola e Nuno Veloso) (áudio não localizado)
• Sem Medo (João Nogueira)
• Albatrozes (João Nogueira)
• Acontece (Cartola)
• Chorando Pelos Dedos (João Nogueira e Cláudio Jorge)
• O que é Feito de Você (Cartola)
• Tive sim (Cartola)
• Não Quero Mais Amar a Ninguém (Zé da Zilda, Cartola e Carlos Cachaça)
• O Sol Nascerá (Cartola e Elton Medeiros)