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Jackson e Alceu: o Nordeste em dois sotaques no Projeto Pixinguinha de 1978

Na interpretação requebrada de Jackson do Pandeiro e nas releituras roqueiras de Alceu Valença, caravana fez o Brasil remexer de Norte a Sul

Jackson do Pandeiro comanda o microfone no Teatro Dulcina (Rio de Janeiro), sendo observado por Alceu Valença, no canto do palco

Jackson do Pandeiro comanda o microfone no Teatro Dulcina (Rio de Janeiro), sendo observado por Alceu Valença, no canto do palco

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“Toda a evolução da música nordestina, nos últimos trinta anos, estará sintetizada no show desta semana do Projeto Pixinguinha.” Assim o Jornal da Tarde anunciava, em 1 de maio de 1978, a chegada em São Paulo de uma das caravanas mais badaladas da segunda temporada do Projeto. À frente daquele espetáculo, dois grandes artistas nordestinos representando propostas e sonoridades bem diferentes da música popular brasileira. Um deles era o pernambucano Alceu Valença, cujo sucesso crescente na década de 70 se apoiava na releitura roqueira de gêneros tradicionais da música nordestina, como os que eram cantados por seu companheiro de viagem, o paraibano Jackson do Pandeiro, que fazia o Brasil remexer desde os anos 50.

“Jackson do Pandeiro para mim é a mistura de todas as raízes da música nordestina, é coco, é embolada, é marcha e é samba também. É uma grande alquimia, exercitando-se em todas essas variantes”, disse Alceu ao jornal carioca Luta Democrática, em 26 de abril de 1978, antes do início da turnê. “Alceu é um amigo, uma pessoa que vem fazendo muito pela música brasileira, só que renovando para furar o esquema, como o Gil fazia antes. Eu sigo no original e eles vão mudando para um outro tipo de acompanhamento”, retribuiu o mestre do suingue e do canto sincopado, ao Jornal de Brasília, em 1 de junho de 1978.

A admiração mútua foi meio caminho andado para o diretor Ginaldo de Souza propor um roteiro que privilegiasse a interação da dobradinha, como na abertura do espetáculo, quando alternavam exemplares de seus repertórios, como Vou Danado pra Catende (Alceu) e Forró em Limoeiro (Jackson). Ouça as músicas do espetáculo na galeria de áudios ao lado. O roteiro ainda passava por alguns sucessos dos dois artistas, que se juntavam no fim para interpretar Papagaio do Futuro, de Alceu, que não à toa encerrava o espetáculo. Os versos da embolada-manifesto foram os primeiros que Alceu e Jackson cantaram juntos, em 1972, quando o primeiro convidou o ídolo para dividir a interpretação da música na última edição do Festival Internacional da Canção, produzido pela Rede Globo.

Além de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, a afinidade da dupla no Projeto Pixinguinha foi testemunhada por plateias de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Belém, durante maio e junho de 1978, com um público total de 26.839 espectadores. No entanto, nem todos foram só elogios ao espetáculo, como o crítico Climério Ferreira, que publicou suas impressões no Jornal de Brasília de 4 de junho, primeiro exaltando a mistura “muito feliz” das gerações de seu ídolo de infância (Jackson) com o “repentista eletrificado” (Alceu). Mais adiante, porém, o texto não perdoou o som precário da Piscina Coberta, onde o Projeto Pixinguinha apresentava seus shows em Brasília naquele ano de 1978: “Ninguém ouvia Jackson, porque a junção dos dois conjuntos deu muito peso ao som, suplantando a voz do cantor. O público reclamou, com razão.” Leia esta e outras matérias na galeria de imagens.

Naquele ano de 1978, Alceu Valença chegava ao Projeto Pixinguinha com cinco discos lançados, tendo sido o primeiro deles em 1972, em duo com o conterrâneo Geraldo Azevedo. Formado em Direito, chegou a trabalhar como jornalista no fim dos anos 60, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, em 1971. Entre suas primeiras referências musicais (entre elas Elvis Presley e Little Richard) estava justamente Jackson do Pandeiro, que era nome de projeção nacional desde 1953. Foi naquele ano que estreou em disco, num 78 rotações da gravadora Copacabana, com dois sucessos imediatos: o rojão Forró em Limoeiro (Edgard Ferreira) no lado A e o coco Sebastiana (Rosil Cavalcanti) no lado B.

Em 1980, Jackson do Pandeiro voltou à estrada com o Projeto Pixinguinha, desta vez ao lado de Anastácia e Cátia de França.

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Comentários

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Atila Roque

enviado em 18 de setembro de 2010

Maravilho e emocionante o trabalho de digitalização desse acervo fantástico do Projeto Pixinguinha. Poder voltar no tempo e ouvir novamente encontros especiais como o de Alceu e Jackson do Pandeiro é um privilégio. Muito obrigado!

Geralda Miranda

enviado em 2 de outubro de 2010

Muito bom ter encontrado essa jóia da nossa música popular brasileira, mas fiquei decepcionada por não ter conseguido ver nenhum vídeo referenteis ao magistral íRei do Rítimo. Realmente, não acredito que o Projeto não tenha em seu arquivo vídeos referentes aos shows do nosso inesquecível Jackson do Pandeiro. Peço por favor que providenciem o meu ou melhor, o nosso (Brasil) muito obrigada.
Abraços,
Geralda.

cassio de almeida moreira

enviado em 16 de março de 2011

Posso afirmar que foi um show inesquecivel, assisti por 3 veze s em BH minas. realmente um dos melhores espetaculos musicais que ja tive a oportunidade de assistir.

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