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Ivan Lins e Nana Caymmi: primeiro show da história do Projeto Pixinguinha

Dupla aparentemente inusitada inaugura o Projeto Pixinguinha, em 1977, mandando “um recado ‘pra ferver a cuca’ de muita gente”

Ivan Lins e Nana Caymmi, durante turnê do primeiro show do Projeto Pixinguinha, em 1977.

Ivan Lins e Nana Caymmi, durante turnê do primeiro show do Projeto Pixinguinha, em 1977.

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    • Madalena – Ivan Lins

    • Abre-alas – Ivan Lins

    • General da banda/ A fonte secou/ Recordar – Ivan Lins; Dora – Nana Caymmi

    • Mãos de afeto – Nana Caymmi

    • Beijo partido – Nana Caymmi

    • Dupla traição – Nana Caymmi

    • Medo de amar – Nana Caymmi

    • Pois é – Nana Caymmi

    • Só louco – Nana Caymmi

    • Apresentação dos músicos – Nana Caymmi

    • Palavras – Nana Caymmi e Ivan Lins

    • Saveiros – Nana Caymmi e Ivan Lins

    • Somos todos iguais nesta noite – Ivan Lins

    • Um fado – Ivan Lins

    • Funeral de um lavrador – Ivan Lins

    • Cartomante – Ivan Lins

    • Tens (Calmaria) – Nana Caymmi e Ivan Lins

    • O passarinho cantou – Nana Caymmi e Ivan Lins

    descer

Por Maria Cristina Martins

Primeira dupla a se apresentar pelo Projeto Pixinguinha, que estreou em agosto de 1977, Ivan Lins e Nana Caymmi parecia um encontro inusitado e até perigoso. Apesar de já terem trabalhado juntos, com Ivan ao piano em gravações de discos de Nana, acompanhando músicas de sua autoria, e de terem lotado o teatro João Caetano no projeto “Seis e Meia”, ela era vista como uma cantora “maldita e impopular” e ele estava há algum tempo ausente das paradas de sucesso. Além disso, representavam estilos distintos da música popular brasileira.

Qualquer medo, porém, dessa união se dissipou definitivamente na pré-estreia do Projeto Pixinguinha, em 5 de agosto de 1977, quando um público numeroso e entusiasmado encheu o Teatro Dulcina, transformando a possível estranheza inicial em aplauso e elogio. As matérias de jornal da época mostram o quanto esse primeiro show do projeto foi bem recebido, por crítica e público, em todos os locais em que ocorreu: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Brasília.

O Estado de São Paulo registrou, em 9/8/1977, que “cerca de 500 pessoas, na maioria jovens, brigavam, não por um lugar no ônibus que as levaria para casa, mas por uma das 350 poltronas que o teatro Anchieta oferecia (…) para quem quisesse ver Nana Caymmi e Ivan Lins”. Segundo O Diário do Paraná, em 19/8/1977, “desse estreito relacionamento musical (…) surgiu um show abarrotado de emoções, e envolvente de modo crescente, até o apogeu no dueto vocal da música ‘Palavras’, de Gonzaguinha”. Essa matéria ressaltava também a qualidade da banda que os acompanhava, formada por Roberto Silva (bateria), Luís Alves (contrabaixo), Jota (piano elétrico) e Ary Piassarolo (guitarra).

A Folha da Tarde, de Porto Alegre, ironizava, em 23/8/1977, dizendo que o salão de Atos da Reitoria da UFRRS só não esteve superlotado porque, meia hora antes do início do show, a chuva e o frio aumentaram muito. Sobre o espetáculo, o jornalista ressaltou, entre outras coisas, que foi bem produzido, bem cuidado e de muita qualidade, e que “Saveiros” revelou ficarem muito bem juntas as vozes de Nana e Ivan. Em Curitiba, o Diário do Paraná (19/8/1977) registrou que o show dessa dupla foi, realmente, “além do que se esperava, um recado ‘pra ferver a cuca’ de muita gente”. Já em Brasília, afirmava-se que poucos espetáculos tiveram uma participação tão incrível por parte do público quanto esse (Jornal de Brasília, em 31/8/1977).

Foi também em Brasília que surgiu uma polêmica sobre o show gratuito de Ivan Lins para estudantes da UnB. Divulgou-se que o espetáculo teria tido conotação política e que, por isso, Nana não participara. Porém, segundo o Jornal de Brasília de 4/9/1977, Nana não compareceu por estar muito resfriada, e Ivan explicou que os estudantes pediram pelo show extra porque o evento não havia sido divulgado dentro do campus da universidade, por estar ocupado pela polícia.

Nana Caymmi, nascida no Grajaú, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, ganhou uma música do pai, Dorival Caymmi, ainda pequena, numa noite de choro. Não foi difícil para ela começar a cantar e a compor, devido ao estímulo dentro de casa. Em 1966, ganhou o Galo de Ouro do I Festival da Canção, interpretando “Saveiros”, composição do irmão Dori Caymmi e de Nelson Motta. Aliás, foi na época dos festivais que ganhou a pecha de “maldita e impopular”. Chegou a trabalhar na Argentina e no Uruguai, até que Simon Khoury ouviu um disco seu e começou a tocá-lo em uma rádio brasileira.

O carioca Ivan Lins teve seu primeiro contato com a música aos 12 anos, por meio da banda do Colégio Militar, onde estudava. Aos 18, aprendeu a tocar piano de ouvido. Em 1977, dizia estar na segunda fase de sua carreira, a fase da desalienação, da consciência, do pé no chão. Era a fase pós-Phillips e do início da nova e importante parceria com Vitor Martins.

De acordo com o jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, mais de 16 mil pessoas aplaudiram Ivan Lins e Nana Caymmi em suas apresentações pelo Projeto Pixinguinha.

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