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Braguinha faz seu carnaval no Pixinguinha de 1983, com Miúcha e Coisas Nossas

Aos 76 anos, compositor de 'Chiquita Bacana' vai, com jeito vai, de Niterói a Brasília, passando pelo Nordeste

Braguinha e o grupo Coisas Nossas, companheiros de estrada no Projeto Pixinguinha, em 1983.

Braguinha e o grupo Coisas Nossas, companheiros de estrada no Projeto Pixinguinha, em 1983.

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O ano de 1983 foi um marco na carreira do compositor João de Barro: aos 76 anos de idade, ele comemorou meio século de carnaval, motivo pelo qual foi homenageado com um show na Sala Funarte Sidney Miller, em janeiro daquele ano, na abertura do Projeto Carnavalesca. Pois este espetáculo – no qual João de Barro dividia o palco com a cantora Miúcha e o conjunto Coisas Nossas – foi também uma das atrações do Projeto Pixinguinha na temporada de 1983, com apresentações em Niterói, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Salvador e Brasília.

Também conhecido pelo apelido Braguinha, o veterano compositor de sucessos de carnaval –que adotou o pseudônimo João de Barro no início da carreira, para poupar a família, pois “sambista e tocador de violão eram sinônimo de cafajeste, boêmio e desocupado” – falou de sua trajetória nas diversas entrevistas que deu durante a turnê. Numa delas, ao jornal O Poti, de Natal (31/07/1983), relembrou os tempos em que participou do conjunto Bando de Tangarás, com Almirante, Noel Rosa, Alvinho e o potiguar Henrique Brito, seu colega de colégio e primeiro professor de violão. “Henrique gostava de fazer música”, explicava Braguinha, “e eu colocava a letra. Mas, com o tempo, eu mesmo comecei a fazer minhas músicas”.

Cinquenta carnavais depois, ele dizia que a emoção maior de ter tantos sucessos no cancioneiro popular se devia à resposta do povo. Como no relato que fez ao jornal O Poti sobre um rapaz de seus 20 anos que lhe parou certa vez na rua, com os braços estendidos, dizendo que gostava muito dele, explicando que sua mãe só o ninava com “As pastorinhas” (parceria sua com Noel Rosa). A mesma matéria definia a apresentação do Projeto Pixinguinha como a união entre “a juventude do próprio Braguinha, nos seus 76 anos, a alegria de Miúcha e o som eletrizante do grupo Coisas Nossas”.

Formado, em 1975, por jovens instrumentistas e pesquisadores da música popular brasileira, o Coisas Nossas viajou na turnê formado por Valmar Gama (cavaquinho), Darci Seixas (trombone de vara), Haroldo Cazes (contrabaixo), Oscar Bolão (bateria), Zé Pité (piano), Toni Aguiar (saxofone e clarineta) e Aluísio Didier (violão e direção musical do show). Naquele ano de 1983, o conjunto lançava seu segundo LP, Noel inédito e desconhecido, feito um ano após o disco de estreia do grupo, intitulado Coisas Nossas.

Companheira de Braguinha nos solos do espetáculo, a cantora Miúcha aproveitou a turnê para reviver o repertório que já conhecia desde a infância. Definida no texto de apresentação do show como “doce de coco, dos que têm a vantagem de vir com aguinha gelada depois” (aspas do poeta Vinicius de Moraes), ela disse ao jornal A República (Natal, 31/07/1983) que seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda – falecido em 1982, aos 79 anos – teria adorado vê-la nesse show.

O clima de festa da turnê inspirou Braguinha a parodiar suas próprias canções, como conta o Correio Braziliense de 13/08/1983, no qual se lê que a marchinha “Yes, nós temos banana” (feita por Braguinha com Alberto Ribeiro, seu parceiro mais fiel) teve a segunda parte atualizada com versos sobre a dívida externa: “O meu dinheiro sumiu daqui/ Vão buscar outro no FMI/ Mas se pagar eu não puder/ Banana pra quem quiser”.

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Comentários

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Débora Soares

enviado em 19 de dezembro de 2012

Ah, as memórias do carnaval! Quão bem elas fazem. A história pulsa nas veias de quem ama o tema, gente! O carnaval 2013 será um poço de nostalgia. Ainda mais esse ano que perdemos Niemeyer o “dono” da Avenida!

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