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Aldeia de Arcozelo: 300 anos de história

Foto do coreto de Arcozelo

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A Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes, Rio de Janeiro, que hoje pertence à Funarte, foi inaugurada por Paschoal Carlos Magno, em 1965, para ser um lugar onde jovens e artistas de todo o país pudessem desfrutar de todas as formas de criação e expressão artística. Mas, o que pouca gente sabe, é que sua história começou pelos idos de 1700, quando naquela região começava a ser aberto o Caminho Novo para Minas Gerais. Anos depois, foi constituído ali um posto de patrulha e apoio aos viajantes que transitavam e trabalhavam no lendário caminho do ouro. Esse posto, que ficou conhecido inicialmente como “Rossa do Alferes” e, mais tarde, “Sítio do Alferes”, ficava no exato local onde hoje é a Aldeia.

Entre 1739 e 1780, foi construída a primeira parte do casarão, que no século XIX passaria a ser a casa grande da Fazenda da Freguezia, cujo proprietário foi Emanuel Francisco Xavier, cultivador e exportador de café. Conta-se que seu filho perdeu a propriedade em uma mesa de jogo para o Barão de Arcozelo. Em 1930, o local se tornou uma fazenda de gado leiteiro.

Foi em 1958, com a fazenda desativada e parte de suas construções abandonadas, que Paschoal Carlos Magno, que visitava o local a convite do proprietário, teve a ideia de fazer daquele lugar (um espaço de 51 mil m2, com 10 mil m2 de área construída) um centro cultural que fosse modelo para o Brasil e o mundo. Os netos de João Pinheiro, donos do local, aprovaram o projeto e lhe fizeram a doação da fazenda, condicionando a que fosse utilizada unicamente como espaço para atividades culturais. Sem perda de tempo, Paschoal reuniu-se com artistas, escritores e jornalistas para tratar da criação da Fundação João Pinheiro Filho ou, como ficou mais conhecida, da Aldeia de Arcozelo.

Após grande reforma, em 19 de dezembro de 1965, o centro cultural foi inaugurado, comparecendo cerca de cinco mil pessoas, de todas as partes do país, à comemoração. As instalações contavam com dois grandes teatros, Itália Fausta, ao ar livre, com capacidade para 1.200 espectadores, e Renato Vianna, para 240 pessoas. Havia ainda a Sala de Música Padre José Maurício, para 150 ouvintes; os espaços para as artes plásticas, Galeria Pancetti e Galeria Bernardelli; uma sala de vídeo, Alberto Cavalcante, com 80 lugares; biblioteca, coreto, além do edifício colonial, com 54 quartos, salões e varanda.

O crítico Macksen Luiz descreveu os percalços do projeto do homem que dedicou sua vida ao teatro: “A esperança de Paschoal Carlos Magno era de fazer da Aldeia de Arcozelo uma universidade de arte, ponto de convergência de estudantes de todo o país, ‘um lugar de beleza’ como gostava de dizer. O fato é que sua esperança só foi cumprida em parte, como tudo na vida desse mecenas sem dinheiro (…).No projeto de Paschoal, a Aldeia seria um local de reflexão, de estudo e de paz. Quase nunca atingiu esse estado de paz. As escaramuças do ex-diplomata contra a crônica falta de verba, além de sua limitada capacidade de administrar projetos tão ambiciosos, fizeram com que a Aldeia de Arcozelo ficasse no plano do sonho e da esperança.”

Com altos e baixos, sofrendo e vencendo crises políticas, financeiras e jurídicas, a Aldeia foi sede de inúmeros festivais, seminários e congressos de teatro, circo, dança, ópera, cinema, educação, artes plásticas, música e arte indígena. Em 1979, ficando cada vez mais desesperado pela luta quase solitária que vinha desenvolvendo contra as dificuldades financeiras de Arcozelo, Paschoal fez um apelo pela televisão, “Desisto. Vou incendiar a Aldeia e acabar logo com tudo”. A partir dessa declaração, inicia-se uma mobilização nacional para salvar a Aldeia. A renda de inúmeros espetáculos foi doada para pagar a dívida da Aldeia. Mas não foi o suficiente.

Após a morte de Paschoal, em 1980, a decadência se acelerou. Mas, em 1983, uma nota do jornal O Globo anunciava o que parecia ser a solução para o lugar. Os herdeiros do embaixador Paschoal Carlos Magno chegaram a entendimentos finais para entrega da Aldeia de Arcozelo à Secretaria de Cultura do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Hoje, a Aldeia de Arcozelo é um dos espaços culturais da Funarte e está aberta para visitação, de terça a domingo, de 9h às 17h. Os espetáculos teatrais acontecem no teatro Renato Viana e no anfiteatro ao ar livre, Itália Fausta.

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