Tablado, escola de teatro e de vida
Drica Moraes e Humberto Montenegro atuam em Chapeuzinho Vermelho, em montagem de 1983. Cedoc/Funarte
Mídias deste texto
Imagens (17 imagens)
Áudios (3 áudios)
É a própria Maria Clara Machado quem explica como nasceu o Tablado, em depoimento de 1976 para Yan Michalski e Barbara Heliodora no Serviço Nacional do Teatro, que pode ser ouvido na íntegra no Centro de Documentação (Cedoc) da Funarte – e aqui, no player abaixo, à esquerda.
“O Tablado foi fundado em 1951, no Patronato da Gávea. Eu vinha de um trabalho de bandeirante lá no Patronato e depois passei a trabalhar como assistente social, pois ali ficava a Favela do Pinto, onde moravam operários das muitas fábricas de tecido que havia no Jardim Botânico. A diretora do Patronato, Dona Helena Baiano, achou que eu era muito saliente, que era muito pouco enfermeira e muito mais ‘teatreira’. Ela pediu que eu fizesse qualquer coisa em termos de diversão para os meninos”.
Grande Dona Helena! Logo em seguida, foi ela que construiu o auditório que viraria o Teatro do Tablado. Foi ali que surgiu uma das maiores escolas de teatro amador do país – e a palavra amador aqui não tem nenhum sentido depreciativo, muito pelo contrário.
Como explica Guida Vianna, uma das muitas alunas da casa que se tornaram professoras e atrizes profissionais, a opção de continuar dedicada aos iniciantes foi da própria Maria Clara: “Na virada da década de 70/80 a profissão de ator foi regulamentada e ao Tablado oferecida a possibilidade de virar uma escola oficial. Mas a Maria Clara (esta sensível visionária) disse não. Clara tinha razão: recusando a institucionalizar-se, o Tablado tornou-se um celeiro de possibilidades e versatilidades”, conta a atriz no encarte comemorativo dos 35 anos da escola (em 1986).
De lá para cá, foram centenas de peças criadas por Maria Clara e seus discípulos e milhares de jovens seduzidos pela paixão da encenação. Fosse de espetáculos infantis, um dos carros-fortes da casa, quanto de teatro adulto.
Um dos exemplos marcantes é Pluft, o Fantasminha. No ano do depoimento, Maria Clara já havia perdido a conta de quantos países já haviam montado a peça. “Recebemos fotos de Israel, da Alemanha, Tchecoslováquia, toda a América Latina, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela”, conta ela.
Confira as fotos do acervo Foto Carlos de montagens de A Bruxinha que era Boa (1958), O Cavalinho Azul (1960), Pluft, o Fantasminha (1964), Um Tango Argentino (1972) e Chapeuzinho Vermelho (1983).