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Coleção Foto Carlos ganha nova digitalização pelo projeto Brasil Memória das Artes

O pesquisador Reinaldo Cotia trabalha na digitalização do acervo Foto Carlos (Foto: Sebastião Castellano - Funarte)

O pesquisador Reinaldo Cotia trabalha na digitalização do acervo Foto Carlos (Foto: Sebastião Castellano - Funarte)

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Marco inicial do moderno teatro brasileiro, a peça Vestido de Noiva, célebre texto de Nelson Rodrigues que ganhou mítica montagem dirigida por Ziembinski em 1943, foi fundamental na carreira de seu autor e de seu diretor, e jogou luz ainda sobre outro artista: ali, nascia a admiração e o respeito que acompanharam a carreira do fotógrafo Carlos Moskovics durante cinco décadas. Nascido na Hungria em 1916 e naturalizado brasileiro em 1948, o homem por trás do lendário estúdio intitulado Foto Carlos registrou, dos anos 40 aos anos 80, alguns dos principais espetáculos teatrais encenados no Rio de Janeiro no período. Por iniciativa do projeto Brasil Memória das Artes, o acesso ao trabalho de Moskovics ficará mais fácil: depois de digitalizar, em 2006, 19.839 imagens cujos negativos estavam inacessíveis, o projeto voltou-se novamente para a Coleção Foto Carlos em 2009, recuperando mais 19 mil negativos de atividades teatrais realizadas entre 1942 e 1974.

Referir-se à cobertura realizada por Moskovis como ‘atividades teatrais’ não é, como pode parecer, um equívoco: além de fotos de divulgação dos espetáculos, o fotógrafo era convocado a registrar assinaturas de contratos, reuniões, confraternizações. Um rico acervo que, aos poucos, será disponibilizado pelo Portal das Artes da Funarte. “A Coleção Foto Carlos é um dos mais importantes registros fotográficos da história do teatro brasileiro. Uma primeira leva foi digitalizada, e seus dados processados e disponibilizados para o público. Agora, um novo lote passa pelo mesmo processo, de higienização e digitalização”, revela Denise Portugal, coordenadora do Centro de Documentação da Funarte (Cedoc).

Após a digitalização, cujo término está previsto para o primeiro trimestre de 2010, seguem-se as etapas de catalogação e formação de dossiês das imagens para consulta do público. “O Cedoc possui um acervo estimado em um milhão de itens documentais entre fotografias, desenhos, cartazes, livros, partituras musicais, sobre as artes cênicas e visuais, da música popular à erudita. A digitalização é uma forma de facilitar o acesso ao acervo”, explica a coordenadora. A escolha do que passa a ser encontrado no universo virtual se dá a partir do grau de interesse do público pesquisador, frequentador da biblioteca do Cedoc.” Para chegarmos à etapa de digitalização é fundamental que já tenhamos identificado e tratado os documentos. Assim, no caso da Coleção Foto Carlos, o primeiro a ser contratado foi o pesquisador com a função de identificar as imagens. Em seguida, as informações são repassadas para um documentarista que insere os dados na base de dados. Logo, os negativos são higienizados e acondicionados em invólucros apropriados, com conservadores. A etapa seguinte é a digitalização, que exige vários outros procedimentos”, continua Denise.

Um árduo processo de identificação das imagens

Convidado pela Funarte para identificar as imagens da segunda leva de fotos  da Coleção Foto Carlos adquirida pela instituição, o pesquisador iconográfico Reinaldo Cotia Braga se deparou com uma situação curiosa: no material previamente selecionado e digitalizado em 2006, reconheceu-se, em foto do espetáculo Anti-Nelson Rodrigues, de 1974. Seu nome, contudo, não constava na legenda, por falta de informações sobre ele no material disponível sobre a peça. Inicialmente ator e posteriormente dedicado ao estudo de teatro, com mestrado realizado na UNIRIO, Reinaldo, 61 anos, viveu uma situação que ilustra bem a dificuldade do trabalho que teve pela frente na identificação das cerca de 19 mil imagens da Coleção Foto Carlos: “Muitas vezes as imagens possuem somente como identificação os títulos das peças e data”, revela o pesquisador, que entrega o passo seguinte para que consiga fazer a identificação completa da imagem, com nomes dos atores e demais itens. “Se temos o título e data, o passo seguinte é encontrar, no Cedoc, o dossiê (reunião de documentos sobre a obra de arte em questão) do espetáculo, onde em geral consta o programa da peça, por exemplo. Se temos ele, o trabalho é facilitado, pois lá estão os nomes dos atores”, prossegue o estudioso.

Nem sempre, contudo, os dados estão ali, à mão, a partir do acesso à pesquisa. Muitos materiais disponíveis são insuficientes para identificação das imagens. A solução, portanto, é menos técnica, mais emocional. “Alguns atores reconheço de memória, devido à minha vivência no meio teatral por longos anos e meus estudos na área”. Se, contudo, nem assim o reconhecimento é possível, Reinaldo tem como carta na manga a adesão de amigos à sua preservação à memória do teatro brasileiro. “A Maria Pompeu é uma que tem um arquivo teatral imenso e memória prodigiosa, com requintes como lembrar-se de quem substituiu quem em tal elenco”, entrega o pesquisador, que revela: “Ela já disse que, quando se for, deixará seu acervo para o Cedoc”.

As artimanhas que podem envolver o processo são muitas. Veja o caso do espetáculo A Herdeira, produção de 1946 que Bibi Ferreira dirigiu e produziu. “Havia 56 negativos da peça, mas não contatos. No meio deles, percebi imagens que destoavam do resto, não tinham a ver com a temática da peça. Descobri que, misturadas ao material, havia imagens de outros espetáculos dirigidos por Bibi”, exemplifica Reinaldo.

Apaixonado pelo trabalho de Carlos Moskovics, o pesquisador ressalta a qualidade das imagens que, brevemente, estarão à disposição do público na Internet. “Só do musical Minha Querida Lady, com Bibi Ferreira e Paulo Autran, são mais de 400 imagens, nas quais saltam aos olhos a qualidade da composição, que remete a fotos de divulgação de filmes”, diz.

Digitalizar as quase 40 mil fotos da Coleção Foto Carlos é, na avaliação do pesquisador, um resgate precioso da memória do nosso teatro. “É um acervo fotográfico que registra a história do moderno teatro brasileiro – o carioca em particular, mas com registros de muitos espetáculos de companhias paulistanas que cumpriam temporadas no Rio, como o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)”, lembra Reinaldo Cotia, ciente de que seu trabalho será de fundamental importância para as próximas gerações de estudantes que se dedicarem a pesquisar sobre teatro. “Com o registro fotográfico é possível penetrar no universo das peças mesmo sem que se saiba de seu enredo e investigar como tais imagens cênicas atuavam sobre o público”. A memória do teatro brasileiro e o público agradecem.

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